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Contos de Fora

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Um passeio com os senhores José Calazans e Vasco Loff. 100 Anos de Tarrafal. I


Seis da manhã, segunda-feira, dia malandro que escorrega pelas horas como se fosse passos de tartaruga, as primeiras viaturas de Toyota Yace já estavam completamente preenchidas por pessoas que vão para a cidade da Praia, ao meu lado tenho duas figuras históricas (imaginaria) desta cidade.

Vasco Loff aquele que foi o primeiro chefe administrativo deste município e o José Calazans o primeiro Secretário Administrativo, a primeira impressão que tenho é o espanto deles, observavam com muita atenção todas as movimentações de pessoas, a pequena quantidade de viaturas que alberga a cidade, a mudança do habito das pessoas, um desses hábitos é a quantidade de mulheres que levantam bem cedo para as suas ginásticas e os homens a tomarem os primeiros grogues da manhã, este ultimo sempre existiu.

Observam com muita atenção os edifícios que antes existiam e os que hoje existem, o edifício do Tribunal está tão majestosa que parecia dizer – já ganhei uma praça nova, agora estou a espera de pintura e novas instalações de água, nesses últimos tempos tenho estado e estou triste, porque tenho visto jovens a irem e virem da cadeia de São Martinho. O edifício do Correio também parecia querer dizer alguma coisa a aqueles senhores, alegando que os reformados fazem muito barulho de madrugada quando eles vêm receber os respectivos dinheiro de reforma, eu era feliz quando ao meu lado existia o campo de futebol, e o edifício do antigo central dizia o senhor Loff, eu sei que não lembra de mim, mas, interceda por mim, é que não quero ser derrubado, eu quero ser um museu da cidade ou talvez um museu etnográfico. A minha ansiedade era ouvir as primeiras palavras daqueles senhores, talvez seja cedo para as conclusões. Caminhamos, até a frente do mercado de Cultura.

-ora bolas, não era aqui o lugar de pega burrinho, pois não? Disse o Vasco Loff, espantado mais com o edifício do mercado remodelado do que a ideia de pega burrinha que tanto mudou com o tempo.
- e o campo de cavalo, ainda existe? Não, respondi em uma só palavra. O senhor Calazans ainda a caminhar mais a frente e eu observando atentamente.

Senhor Calazans, dentro da Praça Central da vila, analisando a frente dele a Igreja, do lado esquerdo o edifício Municipal, a direita o Mercado de Artesanato e atrás dele o edifício do Banco Comercial do atlântico, a sua única estranheza foi ter visto o senhor Santo Amaro a dormir na rua da igreja, que ainda está em reconstrução. -O quê que o homem anda a fazer ai acamado na rua? A casa dele está em construção a quase um ano, dei a resposta sincera ao Senhor Vasco que aproveitou para ser solidário com o santo dizendo. – Coitado do Santo Amado, ehin, ainda continua bacan!

-O concelho de Tarrafal foi instituído por carta orgânica da província de Cabo Verde, pelo decreto número 3108-B, de 25 de Abril de 1917 com a classificação de concelho irregular. Bota irregular nisso, disse eu para mim mesmo. E continuou Senhor Loff dizendo que em 2017 o Tarrafal completará 100 anos. – As comemorações já deveriam ter começado há algum tempo arrematou o Calazans. Qual comemoração! Aqui comemoramos todos os dias. Com os dentes descascados e festarolas frenéticas, só falta espantos quando os olhos avistarem os drugue queens, disse por ultimo.

-já agora uma pergunta! Já separaram Tarrafal de Dona Santa Catarina? Meu caro jovem. Sim a já algum tempo que se desuniram. Respondi. E entregaram o mar? Não, isso não foi incluído na partilha dos bens, apesar de a senhora Catarina ser vaidosa, mas, inventaram a região de Santiago norte, é lá que fica o centro de Santiago norte, mas o banho de mar é aqui que eles vêm tomar. Ainda dizem que essa coisa de igualdade de género só agora começou a vingar neste país, as mulheres sempre mandaram neste país, boa observação do senhor, disse o Calazans.

A senhora Catarina é centro da região de Santiago Norte, e o Santo Amaro nem sequer deu um filho a Dona Catarina, e por aqui continuamos um autentica Kana Matxu.
A minha decepção foi ter assistido aos dois senhores a despedirem de mim, logo com o aparecimento do sol. São alérgicos ao sol, mas ficou promessa para mais histórias para amanhã e para os próximos dias.

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